Se você já viu alguém mordendo uma barra de manteiga como se fosse uma maçã e ficou chocado, saiba que não está sozinho. A mais nova tendência entre alguns grupos que buscam uma “vida saudável” é simplesmente comer manteiga pura como lanche. Sim, você leu certo.
A justificativa? Supostos benefícios para energia, saciedade e até para funções cognitivas. Mas antes de você considerar adicionar um tablete de manteiga ao seu cardápio diário, vamos aos fatos – porque há uma enorme diferença entre uma tendência viral e uma recomendação nutricional séria.
De Onde Surgiu Essa Ideia?
Essa mania tem raízes em dietas extremas, como a carnívora e a cetogênica, que enfatizam o consumo de gorduras e proteínas enquanto reduzem drasticamente carboidratos. O argumento principal dos adeptos é que a manteiga é uma fonte de gordura “limpa”, natural e rica em vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). Além disso, defensores afirmam que ela mantém a saciedade por mais tempo e evita picos de insulina.
Mas comer gordura em excesso – especialmente na forma de manteiga pura – está longe ser uma estratégia nutricional equilibrada.
Manteiga Não é Vilã, Mas Também Não é Um Superalimento Milagroso.
Vamos deixar claro: a manteiga não precisa ser demonizada. Ela pode fazer parte de uma alimentação equilibrada, em moderação. Contém nutrientes valiosos, como a vitamina A, e pode, sim, ser utilizada para cozinhar ou dar sabor a alimentos.
Mas uma coisa é usar manteiga com parcimônia. Outra completamente diferente é consumi-la como lanche, em grandes quantidades, acreditando que isso traz benefícios significativos á saúde.
O que muitos ignoram é que a manteiga é uma gordura altamente saturada. Embora a demonização total das gorduras saturadas esteja sendo revista, ainda há consenso de que o consumo excessivo pode aumentar os níveis de LDL (colesterol ruim), impactando negativamente a saúde cardiovascular.
Além disso, uma dieta extremamente rica em gorduras e pobre em outros grupos alimentares pode gerar deficiências nutricionais e desequilíbrios metabólicos. Saúde não é apenas ingerir calorias e macronutrientes; é fornecer ao corpo um espectro completo de nutrientes essenciais.
O Perigo das Tendências Extremas.
A obsessão por “comida de verdade” e dietas de alta gordura levou a uma série de exageros. Primeiro foi o culto do óleo de coco como solução para tudo. Depois, a ideia de colocar manteiga no café para perder peso. Agora, comer manteiga pura como lanche.
O que essas tendências têm em comum? Um simplismo perigoso. Pegam um único nutriente ou alimento e o elevam à categoria de solução mágica para saúde e bem-estar, ignorando completamente o contexto geral da alimentação e da vida de cada pessoa.
A nutrição real é complexa. É sobre equilíbrio, variedade e personalização. Comer manteiga pura como lanche pode até gerar sensação momentânea de saciedade e energia, mas a que custo? Um consumo exagerado de gordura saturada, falta de outros nutrientes essenciais e, possivelmente, uma relação cada vez mais extremista com a comida.
O Que Realmente é Um Lanche Saudável?
Se o objetivo é saciedade e energia ao longo do dia, há muitas opções melhores do que uma barra de manteiga pura. Proteínas de qualidade, fibras e gorduras boas (sim, até mesmo as saturadas, mas dentro de um contexto equilibrado) formam um lanche nutritivo e realmente benéfico.
Conclusão: Pare de Buscar Atalhos Mágicos.
A alimentação saudável não se resume a excluir carboidratos ou encher o prato de gordura. Muito menos a transformar um ingrediente coadjuvante em protagonista absoluto da dieta. Comer manteiga pura como lanche é um exagero que desconsidera princípios básicos de equilíbrio nutricional.
Se há algo que a ciência da nutrição nos ensina, é que moderação e variedade sempre vencem as modas passageiras. Quer ser saudável? Olhe para sua alimentação como um todo, não para uma barra de manteiga.
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Da sua nutri de verdade Paula Ferraz
