A seca prolongada e as altas temperaturas têm causado um impacto significativo na produção de café no Brasil, maior produtor e exportador mundial do grão. Esses fatores climáticos adversos têm afetado a produtividade das lavouras e, como consequência, provocado uma escalada nos preços da bebida tão apreciada pelos brasileiros. Nos últimos 12 meses, o preço do café moído subiu quase 33%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta terça-feira (10).
O aumento tem sido sentido diretamente pelos consumidores. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o preço médio de um pacote de 1 kg de café moído nos supermercados alcançou R$ 48,57 em novembro. Esse valor representa um salto expressivo em relação aos R$ 35,09 registrados em janeiro deste ano. A alta reflete não apenas a escassez de matéria-prima, mas também a pressão sobre toda a cadeia produtiva, desde os produtores rurais até a indústria e o varejo.
Especialistas apontam que a seca e as altas temperaturas impactam as fases mais sensíveis do cultivo do café, como o florescimento e o enchimento dos grãos. Com menos chuvas, as plantações enfrentam um déficit hídrico que compromete tanto a quantidade quanto a qualidade do produto. Além disso, o calor excessivo acelera a maturação dos frutos, o que pode resultar em grãos menores e de menor valor comercial.
A situação também é agravada pela alta nos custos de produção, que inclui insumos, transporte e mão de obra. A escassez de oferta no mercado interno e externo eleva ainda mais os preços, tornando o café, um item básico para muitos brasileiros, cada vez mais caro.
Para os próximos meses, a perspectiva é de que os preços continuem pressionados, especialmente se as condições climáticas não apresentarem uma melhora significativa. Produtores têm buscado alternativas, como sistemas de irrigação e técnicas mais eficientes de manejo, mas esses investimentos exigem recursos que nem todos possuem, dificultando a adaptação em larga escala.
Enquanto isso, consumidores têm se deparado com uma escolha difícil: pagar mais caro pelo produto ou buscar alternativas mais acessíveis, como marcas de menor qualidade ou substitutos. O café, que faz parte da tradição e do cotidiano de milhões de pessoas, enfrenta assim um período de desafios tanto para quem o produz quanto para quem o consome. Este cenário também reforça a necessidade de políticas públicas e iniciativas privadas para mitigar os impactos das mudanças climáticas sobre o setor agrícola, essencial para a economia e a cultura brasileira.